segunda-feira, 2 de março de 2009

Treino de estilo - sobre um acontecimento na escola

Cantaram o hino na escola.
Não cantei.
Eu,
Mais macaco que homem,
Subi no mastro
Agarrei a bandeira
E rasguei o verde
O amarelo
E o azul.
Cores tão importantes
Que eu e a maioria dos brasileiros
Divide a mesma dúvida:
“Por quê?”
Rasguei.
Joguei os retalhos aos alunos
Que já haviam se dispersado
E esperneavam, gritavam e riam.
Riam alegremente à baderna natural
Levantavam os punhos cerrados ao alto e gritavam:
“Vamo lá, Espeto, Vamo lá!”
Eu,
Encorajado pelo povo que não tem o pão e clama pelo circo
E não menos encorajado pela minha insanidade
E lucidez – talvez. Quem sabe?
Segurei em meu último fio permanente
E amarrando um pedaço da bandeira rasgada
Em minha cabeça
- Um pedaço verde
Amarelo
E azul –
Gritei:
“Desordem e progresso!”

Mais tarde -

Questionado sobre minha atitude e ameaçado de expulsão, justifiquei-me da seguinte maneira:
“Gomes, meu caro, não sou anarquista e muito menos sou antipatriota. Contudo, Gomes, compadre, careço de crença nesta ultrapassada referência ao positivismo presente na bandeira brasileira. E digo mais, aliás, pergunto: onde está a ordem e o progresso dos não-sei-tantos anos de bandeira? Quero saber... Pois se me mostrarem, eu mesmo costuro essa porra novamente!”
Com a adição de certo sotaque nordestino, tal foi meu discurso.
Gomes, estupefato, porém, sábio, manteve-se calado. Eis que veio... Quem? Dona Socorro!
Dona Socorro chegou e falou:
“Meu filho, você – pausa, engole seco, pensa – acredita em Deus?”
Eu não admiti tal pergunta. Certamente, em ocasiões específicas, está não é além de uma pergunta comum, apesar da inconveniência e intimidade da questão. Mas não era aquela a hora. Bati as mãos na mesa, e com um pequeno aumento no sotaque nordestino e no volume da voz, respondi:
“Acredito, mas não no teu deus! Se teu deus te proíbe de defender tuas idéias e teus ideais, por mais equivocados que sejam, esse é um doido fascista!, não meu Deus! Acrescento: e se eu disser que foi Deus o mandante do atentado ao teu pudor e ao da escola, mas não ao meu e ao do restante dos alunos? A resposta eu já imagino qual será... Uma negação! Claro!, sempre negando, eim?”
Não acho que tenha agredido os sentimentos de alguém, mas, sabe como é... Esse povo da velha guarda não suporta essa juventude moderninha e, embora eu não concorde, a afirmação convicta de Dona Socorro foi:

“Gomes, este garoto está com o diabo no Couro!”

3 comentários:

  1. SOIAHHSIOAHOISHOIAHOISA, uma bela crônica, apesar de achar que tu é muito quieto pra fazer isso, mas se fez acho que tu ta muito rebelde. Vai querer culpa a escola pela frase da bandeira é? hahahaha

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  2. "Acredito, mas não no teu deus! Se teu deus te proíbe de defender tuas idéias e teus ideais, por mais equivocados que sejam, esse é um doido fascista!, não meu Deus!"²²
    Puro vômito de um intestino inquieto com a hipocrisia...
    Espero que o texto seja verídico, se não foi, pelo menos imaginei toda cena!

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  3. HAUSHUSHAUHS
    Faço minhas algumas palavras de Mayara como : tu é quieto demais pra isso, duvido que tu tenha feito isso, haushuashuahsas. Não se pode culpar orgãos particulares como escolas.

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